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Brasil tenta rever tarifas dos EUA antes de agosto: o que está em jogo na relação comercial

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O governo brasileiro está correndo contra o tempo para reverter a decisão das tarifas dos EUA para produtos brasileiros de aço e alumínio. A medida, anunciada em março, deve entrar em vigor em 1º de agosto de 2025, e pode afetar significativamente as exportações brasileiras desses insumos estratégicos para o mercado norte-americano.

A tentativa de negociação liderada pelos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostra a importância estratégica das relações comerciais entre Brasil e EUA, além de evidenciar os desafios que o país enfrenta para manter sua competitividade em um cenário internacional cada vez mais protecionista.

Entenda as Tarifas dos EUA

As tarifas em questão têm como base a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial dos Estados Unidos, que permite ao governo norte-americano impor restrições a importações que, segundo o Departamento de Comércio dos EUA, ameacem a segurança nacional do país.

Em 2018, sob o governo de Donald Trump, tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio foram impostas globalmente. O Brasil, à época, negociou uma isenção parcial, baseada em cotas. No entanto, com a nova retomada dessas tarifas, o país será novamente impactado, mesmo mantendo relações diplomáticas e comerciais estáveis com os EUA.

O impacto nas exportações brasileiras

O Brasil é um dos maiores exportadores de aço semiacabado para os Estados Unidos, especialmente em categorias que não são facilmente substituídas pela produção interna americana. Empresas brasileiras com plantas siderúrgicas de grande porte, como a Gerdau e a CSN, podem sofrer impactos diretos nas vendas e na margem de lucro.

Segundo dados do MDIC, em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 2,3 bilhões em produtos siderúrgicos para os EUA. A retomada das tarifas pode tornar esses produtos mais caros e menos competitivos, abrindo espaço para fornecedores de outros países que estejam isentos ou com acordos comerciais em vigor.

As movimentações do governo brasileiro

Nos bastidores, a diplomacia brasileira vem buscando sensibilizar o governo americano para reverter a decisão ou, pelo menos, renegociar as condições, como fez anteriormente. O Itamaraty e o MDIC trabalham em conjunto com entidades do setor, como o Instituto Aço Brasil, na tentativa de apresentar argumentos técnicos e econômicos que justifiquem uma flexibilização.

Entre as ações em andamento, estão:

  • Reuniões diplomáticas com representantes do Departamento de Comércio dos EUA;
  • Participação ativa de representantes brasileiros em fóruns internacionais;
  • Apoio técnico das empresas afetadas, com apresentação de estudos de impacto.

O objetivo é convencer os EUA de que o Brasil não representa risco à segurança nacional, e que os acordos anteriores foram benéficos para ambos os lados.

Por que os EUA estão retomando tarifas agora?

O retorno das tarifas está ligado a uma política mais agressiva de proteção da indústria nacional dos EUA, especialmente em setores estratégicos como o aço. O governo norte-americano quer reduzir a dependência de importações e incentivar a produção doméstica.

Além disso, há um contexto político importante: com as eleições presidenciais americanas se aproximando, o atual governo busca agradar sindicatos e trabalhadores da indústria, historicamente influentes em estados-chave como Michigan e Pensilvânia.

O que o Brasil pode fazer?

Caso as negociações diplomáticas não avancem, o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), embora esse processo seja mais demorado e sujeito a retaliações. Outra alternativa é buscar acordos bilaterais com os EUA, que permitam isenções específicas ou compensem de outras formas as perdas do setor.

O momento é delicado, e o Brasil precisa equilibrar interesses econômicos com a manutenção das boas relações políticas e comerciais com os EUA — seu segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China.

Conclusão: urgência e estratégia

Com o prazo de agosto se aproximando, o governo brasileiro intensifica os esforços para evitar mais um entrave no comércio exterior. A imposição de tarifas pelos EUA pode afetar não apenas empresas exportadoras, mas também empregos, arrecadação e a imagem do país como fornecedor confiável de commodities industriais.

A resolução desse impasse dependerá da capacidade do Brasil em articular uma estratégia diplomática inteligente e tecnicamente bem fundamentada. Mais do que uma disputa comercial, trata-se de uma oportunidade para reafirmar o papel do país no comércio global.

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