A temporada de Declaração do IR 2025 no Brasil é um período que
tradicionalmente gera apreensão entre os contribuintes. Em 2025, o prazo para a
entrega da declaração referente ao ano calendário de 2024 começou em 17 de março e
se estende até 30 de maio. Durante este período, milhões de brasileiros precisam
organizar documentos, reunir comprovantes e informar à Receita Federal toda a sua
movimentação financeira do ano anterior.
A Receita Federal espera receber aproximadamente 46,2 milhões de declarações este
ano, um aumento de quase 7% em relação às 43,2 milhões entregues em 2024. Este
crescimento reflete não apenas o aumento da população economicamente ativa, mas
também as mudanças nas regras de obrigatoriedade que ampliaram o número de
contribuintes que precisam declarar.

Neste cenário, compreender a importância da declaração do Imposto de Renda,
conhecer as consequências do atraso na entrega e entender os mecanismos da malha
fina torna-se fundamental para todos os contribuintes. A declaração não é apenas uma
obrigação fiscal, mas também um instrumento de cidadania e transparência na relação
entre o cidadão e o Estado.
Este artigo tem como objetivo esclarecer estes três aspectos cruciais do processo de
declaração do Imposto de Renda: sua importância para o contribuinte e para o país, as
multas e penalidades aplicáveis em caso de atraso, e o funcionamento da malha fina – o
sistema de verificação da Receita Federal que identifica inconsistências nas informações
declaradas.
Ao longo do texto, abordaremos as novas regras para 2025, as mudanças nos limites de
obrigatoriedade, as principais causas de retenção na malha fina e as estratégias para
evitar problemas com o Fisco. Com estas informações, esperamos contribuir para que os
contribuintes possam cumprir suas obrigações fiscais com maior tranquilidade e
segurança.
A Importância da Declaração do Imposto de Renda
A declaração do Imposto de Renda é muito mais do que uma simples obrigação fiscal.
Ela representa um mecanismo fundamental para a relação entre o cidadão e o Estado,
permitindo transparência, justiça tributária e o correto funcionamento do sistema fiscal
brasileiro. Compreender sua importância vai além de apenas cumprir um dever legal;
significa entender seu papel no contexto social e econômico do país.
Um Instrumento de Prestação de Contas
Todos os anos, milhões de brasileiros informam à Receita Federal toda a renda, bens e
investimentos que acumularam ao longo dos 12 meses do ano anterior. É com a
declaração do Imposto de Renda que a Receita consegue acompanhar a evolução do
patrimônio de cada contribuinte e verificar se os impostos estão sendo pagos da forma
correta.
Esta prestação de contas anual permite ao governo monitorar a movimentação
financeira dos cidadãos, garantindo que aqueles com maior capacidade contributiva
paguem proporcionalmente mais impostos, enquanto os de menor renda sejam menos
onerados ou até isentos. Trata-se, portanto, de um instrumento que busca promover a
justiça fiscal, princípio fundamental em qualquer sistema tributário equilibrado.
Fonte de Recursos para Serviços Públicos
O Imposto de Renda serve como uma fonte essencial de dinheiro para manutenção e melhorias nos serviços oferecidos pelo Estado. Os recursos arrecadados são direcionados para áreas fundamentais como saúde, educação, segurança pública e desenvolvimento urbano, beneficiando toda a sociedade.
Esta tributação tem caráter social, partindo da premissa de que a parcela da população com ganhos mais elevados deve contribuir também para prover melhorias gerais ao cotidiano de todas as pessoas. Assim, ao declarar corretamente seus rendimentos e pagar os impostos devidos, o contribuinte está participando ativamente do financiamento dos serviços públicos que beneficiam a coletividade.
Oportunidade de Restituição
Um aspecto frequentemente negligenciado é que a declaração do Imposto de Renda pode representar uma oportunidade de recuperar valores pagos em excesso. Muitos contribuintes pagam imposto além da conta ao longo do ano, especialmente aqueles que têm o IR retido na fonte, como trabalhadores com carteira assinada.
Nestes casos, o Governo devolve o que foi pago a mais, e o valor ainda vem corrigido de forma proporcional à taxa básica de juros da economia, a Selic. Esta devolução, conhecida como restituição do Imposto de Renda, representa um direito do contribuinte que só pode ser exercido mediante a entrega da declaração.
Vale lembrar que cerca de 60% das declarações resultam em imposto a restituir. Ou seja, entregar a declaração é um dever, mas também um direito que pode trazer benefícios financeiros ao contribuinte.
Benefícios Práticos para o Cidadão
Além dos aspectos fiscais, a declaração do Imposto de Renda traz benefícios práticos para o dia a dia do cidadão. Ela serve como comprovante de renda oficial, facilitando o acesso ao crédito, financiamentos e a aquisição de bens. Muitas instituições financeiras solicitam a declaração como documento comprobatório da capacidade financeira do cliente.
A declaração também pode ser útil para a solicitação de vistos para viagens internacionais, já que diversos países exigem comprovação de capacidade financeira para conceder autorização de entrada a estrangeiros. Neste sentido, manter-se em dia com as obrigações fiscais abre portas e facilita processos burocráticos diversos.
Regularização da Situação Cadastral
Outro ponto importante é que a declaração do Imposto de Renda permite a regularização da situação cadastral do contribuinte junto à Receita Federal. Quando uma pessoa está obrigada a declarar mas não o faz, seu CPF pode ficar com status de “pendente de regularização”.
Embora este status não tenha caráter punitivo e não impeça o exercício de direitos, ele serve como um alerta para que a pessoa regularize sua situação com o Fisco. A regularidade cadastral é importante para diversas operações cotidianas, desde a abertura de contas bancárias até a participação em concursos públicos.
Organização Financeira Pessoal
Por fim, o processo de preparação para a declaração do Imposto de Renda acaba funcionando como um momento de organização financeira pessoal. Ao reunir documentos, comprovantes de rendimentos e despesas, o contribuinte tem a oportunidade de revisar sua situação financeira, identificar padrões de gastos e refletir sobre suas decisões econômicas.
Esta organização anual pode servir como base para um planejamento financeiro mais eficiente, permitindo identificar oportunidades de economia, investimentos mais adequados ao perfil do contribuinte e possíveis ajustes na gestão do orçamento familiar.
Em um contexto mais amplo, a declaração do Imposto de Renda representa um exercício de cidadania fiscal, onde cada indivíduo assume sua responsabilidade perante
a coletividade, contribuindo de acordo com sua capacidade econômica para o financiamento dos serviços e políticas públicas que beneficiam toda a sociedade.
Multas por Atraso na Entrega da Declaração do Imposto de Renda

O prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda 2025 termina no dia 30 de maio, às 23h59min59s, pelo horário de Brasília. Embora este período de mais de dois meses possa parecer suficiente, muitos contribuintes deixam para a última hora ou acabam perdendo o prazo por diversos motivos. As consequências deste atraso, no entanto, podem ser significativas e gerar transtornos financeiros e burocráticos.
Valor e Cálculo da Multa
Quem não entregar a declaração dentro do prazo estabelecido pela Receita Federal estará sujeito a uma penalidade financeira. A multa por atraso é calculada da seguinte forma:
Para contribuintes que não possuem imposto devido (aqueles que receberiam restituição ou que não teriam nem imposto a pagar nem a restituir), a multa é fixada em R$ 165,74. Este valor mínimo se aplica, por exemplo, a quem não teve rendimentos no ano passado, mas precisava acertar as contas com o Leão por se enquadrar em alguma das regras de obrigatoriedade.
Já para quem tem imposto devido, a multa é de 1% ao mês (ou fração de mês) sobre o valor do imposto devido, limitada a 20% do total. Além disso, são cobrados juros com base na taxa Selic (taxa básica de juros da economia) enquanto durar o atraso.
É importante ressaltar que mesmo quem tem direito à restituição será obrigado a pagar a multa se atrasar a entrega da declaração. Nesse caso, a restituição poderá ser usada para abater o valor da multa, caso o contribuinte não faça o pagamento no momento da entrega.
Geração Automática do DARF
O contribuinte que perder o prazo não precisa se preocupar em calcular manualmente a multa. O próprio programa do Imposto de Renda calcula o valor do Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) automaticamente, com base no dia de entrega da declaração.
Para gerar o Darf, basta selecionar a aba “Imprimir” no menu do lado esquerdo da tela do programa e clicar em “Darf de multa por entrega em atraso”. O documento terá
vencimento em 30 dias após a sua emissão. Caso não seja pago dentro deste prazo, começarão a incidir juros de mora baseados na taxa Selic.
Consequências do Não Pagamento da Multa
O não pagamento da multa por atraso pode acarretar uma série de complicações para o contribuinte. Entre as principais consequências estão:
- Inscrição em Dívida Ativa: A multa não paga pode ser inscrita na Dívida Ativa da União, o que gera um processo administrativo contra o contribuinte.
- Cobrança Judicial: Após a inscrição em Dívida Ativa, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional pode iniciar um processo de cobrança judicial, o que implica em custos adicionais como honorários advocatícios e custas processuais.
- CPF com Pendências: O CPF do contribuinte pode ficar com status de “pendente de regularização”. É importante esclarecer, no entanto, que conforme informado pela própria Receita Federal, este status não tem caráter punitivo e não impede o exercício de direitos. Ele serve apenas como um alerta para que a pessoa regularize sua situação com o Fisco.
- Restrições em Operações Financeiras: Embora a Receita Federal não tenha competência legal para realizar restrições junto ao sistema bancário, como bloqueio de contas, a situação irregular pode dificultar a obtenção de crédito, financiamentos e outras operações financeiras que exijam certidão negativa de débitos.
- Atraso na Restituição: Para quem tem direito à restituição, o atraso na entrega da declaração significa também atraso no recebimento desse valor, já que o contribuinte vai para o final da fila de restituições.
Esclarecendo Mitos sobre as Penalidades
É importante desmistificar algumas informações incorretas que circulam sobre as consequências para quem não entrega a declaração do Imposto de Renda. A Receita Federal esclarece que:
- Não é verdade que a falta de entrega de declaração leva a bloqueio de CPF, impedimento de casamento ou prisão. Estas são informações falsas que circulam especialmente durante o período de declaração.
- As normas da Receita Federal não autorizam que outros órgãos públicos ou empresas privadas criem restrições ao cidadão apenas por estar com o CPF “pendente de regularização”.
- Não existe hipótese de um contribuinte ser preso por não enviar a Declaração do Imposto de Renda ou mesmo por ter dívida com o Fisco. O simples fato de não enviar a declaração a que estava obrigado não configura crime.
Leia Também: Obrigações acessórias 2025: Prazos e Dicas para não se perder.
Contestação da Multa
Caso o contribuinte não concorde com a cobrança da multa por não declarar o Imposto de Renda, por qualquer motivo, poderá contestá-la apresentando uma impugnação referente à cobrança. Para isso, é preciso que essa defesa seja feita em até 30 dias após o vencimento da multa.
A impugnação deve ser fundamentada, apresentando os motivos pelos quais o contribuinte considera indevida a cobrança. Entre as justificativas aceitas estão problemas de saúde graves que impossibilitaram a entrega no prazo, catástrofes naturais que afetaram o contribuinte ou falhas comprovadas nos sistemas da Receita Federal.
Prevenção: A Melhor Estratégia
A melhor forma de evitar as multas e transtornos decorrentes do atraso na entrega da declaração é, sem dúvida, cumprir o prazo estabelecido. Para isso, recomenda-se:
- Organização antecipada: Reunir todos os documentos necessários com antecedência, como informes de rendimentos, comprovantes de despesas médicas e educacionais, e documentos relativos a bens e direitos.
- Não deixar para última hora: Evitar o congestionamento dos sistemas da Receita Federal nos últimos dias do prazo, quando milhões de contribuintes tentam enviar suas declarações simultaneamente.
- Utilizar a declaração pré-preenchida: Esta opção, disponível a partir de 1º de abril, facilita o preenchimento e reduz a chance de erros que poderiam levar à necessidade de retificação posterior.
- Buscar ajuda profissional quando necessário: Em casos mais complexos, como para quem possui muitos investimentos ou atividade rural, pode ser recomendável contar com o auxílio de um contador ou especialista em imposto de renda.
Lembre-se: a multa por atraso é apenas uma das possíveis complicações. A declaração entregue fora do prazo também tem maior chance de cair na malha fina, o que pode gerar ainda mais transtornos para o contribuinte.
A Malha Fina do Imposto de Renda: Como Funciona e Como Evitar Problemas

A expressão “malha fina” tornou-se sinônimo de fiscalização rigorosa no vocabulário dos contribuintes brasileiros. Trata-se do processo de análise e verificação das declarações do Imposto de Renda realizado pela Receita Federal, que cruza informações declaradas com dados fornecidos por diversas fontes, como empresas, bancos, planos de saúde, imobiliárias e cartórios.
O Que é a Malha Fina?
A malha fina é um sistema automatizado de verificação que identifica inconsistências nas declarações do Imposto de Renda. Quando o Fisco encontra alguma divergência entre os dados informados pelo contribuinte e aqueles recebidos de terceiros, a declaração é retida para uma investigação mais detalhada.
Este processo de verificação pode provocar atraso na liberação da restituição ou até mesmo gerar imposto a pagar com multa, caso seja constatada a omissão de rendimentos ou a inclusão indevida de deduções. A retenção na malha fina não significa necessariamente que houve má-fé do contribuinte; muitas vezes, trata-se de erros de preenchimento ou interpretação das regras fiscais.
Principais Causas de Retenção na Malha Fina
De acordo com dados da Receita Federal e especialistas em tributação, os principais motivos que levam uma declaração a cair na malha fina são:
1 – Erros de Digitação e Preenchimento
Um simples erro de digitação pode causar grandes transtornos. Ao digitar R$ 300,00, por exemplo, se o contribuinte esquecer de colocar a vírgula antes dos centavos, o programa transformará o número em R$ 30.000,00. Esta discrepância será facilmente identificada pelo sistema de verificação da Receita Federal, levando a declaração para a malha fina.
2 – Dados Incompatíveis com os Informes de Rendimentos
É fundamental preencher os campos da declaração exatamente com os valores que constam nos informes de rendimentos fornecidos pelo empregador, pelo INSS, pelo banco, plano de saúde, entre outros. A maioria dos informes indica o campo correto onde o valor deve ser lançado na declaração, e seguir estas orientações é essencial para evitar inconsistências.
3 – Omissão de Rendimentos
Todas as fontes de renda devem ser declaradas, independentemente do valor. Isso inclui rendas de aluguel, trabalho temporário, autônomo, aposentadorias complementares e até mesmo rendimentos de dependentes, como pensão alimentícia, bolsa de estudo ou estágio. A omissão de qualquer rendimento pode ser facilmente detectada pelo cruzamento de dados realizado pela Receita Federal.
4 – Informação do Mesmo Dependente em Mais de Uma Declaração
Casais que possuem filhos e declaram separadamente só podem incluir cada dependente em uma única declaração. A inclusão do mesmo dependente em duas declarações diferentes gera inconsistência e leva ambas as declarações para a malha fina.
5 – Despesas Médicas Indevidas ou Sem Comprovantes
As despesas com saúde podem ser deduzidas integralmente do cálculo do IR, o que torna esta área alvo de fiscalização rigorosa. Somente devem ser declaradas as despesas que possam ser legalmente comprovadas, e é importante guardar todos os recibos por cinco anos a partir da data da entrega da declaração.
É importante ressaltar que nem todas as despesas relacionadas à saúde são dedutíveis. Gastos com nutricionistas, massagistas, medicamentos comprados em farmácias ou despesas reembolsadas por planos de saúde não podem ser deduzidos e sua inclusão indevida pode levar à malha fina.
6 – Confusão entre PGBL e VGBL
Muitos contribuintes confundem os dois modelos de previdência privada. Somente as contribuições feitas a planos do tipo PGBL, fundo de pensão estatal ou FAPI podem ser deduzidas do cálculo do IR. Já o VGBL deve ser declarado como uma aplicação financeira, e seu saldo informado na ficha “Bens e Direitos”.
7 – Atualização Indevida do Valor dos Bens
Os bens devem ser sempre declarados pelo seu custo de aquisição. A atualização do valor só é permitida em casos específicos, como na reforma, ampliação ou construção de imóvel, ou quando ainda estiver sendo pago o financiamento do bem. Atualizar o valor de um bem apenas com base na valorização de mercado é um erro comum que pode levar à malha fina.
8 – Não Declaração de Aluguel Pago pelo Inquilino
Não é apenas o proprietário do imóvel que deve informar a renda recebida de aluguéis. O inquilino também é obrigado a declarar os aluguéis pagos na ficha “Pagamentos Efetuados”. A omissão desta informação pode gerar uma multa de 20% sobre o valor do aluguel pago e não declarado.
9 – Omissão de Compra e Venda de Bens no Mesmo Ano
Transações de compra e venda realizadas dentro do mesmo ano fiscal precisam ser declaradas, mesmo que o bem não esteja mais em posse do contribuinte em 31 de dezembro. Caso o negócio tenha gerado ganho superior a R$ 35.000,00, o contribuinte também terá que preencher o GCAP (Programa Gerador de Ganho de Capital) e recolher o imposto específico sobre o ganho de capital.
10 – Variação Patrimonial Incompatível com a Renda
A Receita Federal analisa se o padrão de gastos e a evolução patrimonial do contribuinte são compatíveis com a renda declarada. Uma pessoa que declara um rendimento de R$ 60 mil no ano, mas informa a compra de um carro de R$ 100 mil à vista, certamente chamará a atenção do Fisco.
Novas Regras e Mudanças para 2025

Para o ano de 2025, a Receita Federal implementou algumas mudanças que podem afetar a análise das declarações:
Mudanças na Plataforma Meu Imposto de Renda
A plataforma reformulada, disponível a partir de 1º de abril, apresenta um conceito de revisão: todas as informações presentes que foram apresentadas por terceiros devem ser confirmadas pelo contribuinte. Além disso, a informação dos rendimentos será pela natureza, não pelo modo de tributação, o que simplifica o preenchimento.
Para os bens cuja atualização do valor dependa de uma justificativa, a Receita vai bloquear a modificação no valor e só irá liberá-la caso o contribuinte indique o motivo da atualização. Esta medida visa reduzir as inconsistências relacionadas à atualização indevida de valores de bens.
Novos Códigos de Preenchimento
A Receita excluiu os campos “título de eleitor“, “consulado/embaixada” (quando residente no exterior) e o número do recibo da declaração anterior (em caso de declaração online). Também foram criados seis novos códigos para bens (holding,
garagem, leasing, dentre outros) e ajustados os nomes de 13 bens para facilitar o entendimento.
Quem já declarou esses ativos em anos anteriores deve verificar se há necessidade de reclassificação, para evitar inconsistências que poderiam levar à malha fina.
Como Proceder se Cair na Malha Fina
Caso a declaração seja retida na malha fina, o contribuinte será notificado pela Receita Federal. A partir daí, existem algumas opções:
1 – Verificar o Motivo da Retenção
O primeiro passo é identificar o motivo da retenção, o que pode ser feito através do extrato da declaração, disponível no e-CAC (Centro de Atendimento Virtual da Receita Federal). O extrato apresenta as pendências encontradas, permitindo ao contribuinte entender o problema.
2 – Apresentar Declaração Retificadora
Se o erro for identificado, o contribuinte pode apresentar uma declaração retificadora corrigindo as informações inconsistentes. A retificação pode ser feita a qualquer momento, mesmo após o fim do prazo de entrega, e não gera multa adicional.
3 – Apresentar Documentos Comprobatórios
Em alguns casos, não há erro na declaração, mas a Receita Federal solicita comprovação das informações prestadas. Nestes casos, o contribuinte deve apresentar os
documentos que comprovem a veracidade das informações declaradas, como recibos de despesas médicas, comprovantes de pagamento de pensão alimentícia, entre outros.
4 – Buscar Orientação Especializada
Em situações mais complexas, pode ser recomendável buscar a orientação de um contador ou advogado especializado em direito tributário. Estes profissionais podem auxiliar na interpretação das normas fiscais e na elaboração de estratégias para resolver a pendência.
Estratégias para Evitar a Malha Fina

Prevenir é sempre melhor do que remediar. Algumas estratégias podem reduzir significativamente o risco de cair na malha fina:
1 – Utilizar a Declaração Pré-preenchida
A declaração pré-preenchida, disponível a partir de 1º de abril, já vem com diversas informações inseridas com base nos dados recebidos pela Receita Federal. Utilizar esta opção reduz a chance de erros de digitação e omissões involuntárias.
2 – Conferir Cuidadosamente os Dados
Mesmo utilizando a declaração pré-preenchida, é fundamental conferir todos os dados antes do envio. Verificar se todos os rendimentos foram incluídos, se as deduções estão corretas e se os valores correspondem exatamente aos informes recebidos.
3 – Guardar Todos os Comprovantes
Manter uma organização rigorosa de todos os comprovantes de rendimentos, despesas dedutíveis e documentos relacionados a bens e direitos é essencial. Estes documentos devem ser guardados por pelo menos cinco anos, prazo em que a Receita Federal pode solicitar comprovações.
4 – Atenção às Deduções
As deduções, especialmente as médicas, são um dos principais focos de fiscalização. Só inclua despesas que possam ser comprovadas e que se enquadrem nas regras de dedutibilidade estabelecidas pela legislação.
5 – Buscar Informação Qualificada
Em caso de dúvidas, busque informações em fontes oficiais, como o site da Receita Federal, ou consulte um profissional especializado. Evite basear-se em informações de fontes não confiáveis ou em experiências de terceiros, já que cada situação fiscal pode ter particularidades.
A malha fina, embora temida por muitos contribuintes, é um instrumento importante para garantir a justiça fiscal e o correto cumprimento das obrigações tributárias.
Compreender seu funcionamento e adotar práticas preventivas é a melhor forma de evitar transtornos e garantir que a relação com o Fisco seja a mais tranquila possível.
Conclusão
A declaração do Imposto de Renda é um compromisso anual que vai muito além de uma simples obrigação fiscal. Como vimos ao longo deste artigo, ela representa um importante mecanismo de cidadania, transparência e justiça tributária, além de trazer benefícios diretos para o próprio contribuinte.
Compreender a importância deste processo é o primeiro passo para encará-lo não como um fardo burocrático, mas como um exercício de responsabilidade social e organização financeira pessoal. Ao declarar corretamente seus rendimentos e pagar os impostos devidos, o cidadão contribui para o financiamento dos serviços públicos essenciais, ao mesmo tempo em que pode exercer direitos como o recebimento de restituições de valores pagos em excesso.
Igualmente importante é estar atento aos prazos estabelecidos pela Receita Federal. Como detalhamos, o atraso na entrega da declaração acarreta multas que, embora possam parecer pequenas em alguns casos, representam um ônus desnecessário e podem trazer complicações adicionais. A organização antecipada e o planejamento adequado são as melhores estratégias para evitar estas penalidades.
A malha fina, por sua vez, embora seja temida por muitos contribuintes, é um instrumento necessário para garantir a integridade do sistema tributário. Conhecer as principais causas de retenção e adotar práticas preventivas, como a utilização da declaração pré-preenchida e a conferência cuidadosa de todos os dados antes do envio, reduz significativamente o risco de problemas com o Fisco.
Para o período de declaração de 2025, que se estende até 30 de maio, é fundamental estar atento às novas regras e mudanças implementadas pela Receita Federal. O aumento dos limites de obrigatoriedade, as alterações na plataforma Meu Imposto de Renda e os novos códigos de preenchimento são aspectos que merecem atenção especial para evitar erros e inconsistências.
Vale ressaltar que, em caso de dúvidas ou situações mais complexas, buscar orientação profissional pode ser um investimento valioso. Contadores e especialistas em direito tributário podem oferecer orientações personalizadas que ajudam a otimizar a declaração, maximizando deduções legais e minimizando riscos de problemas futuros.
Por fim, é importante desmistificar algumas informações incorretas que circulam sobre as consequências do não cumprimento das obrigações fiscais. Como esclarecido pela própria Receita Federal, não há risco de prisão por não entregar a declaração ou ter dívidas com o Fisco, nem de bloqueio de CPF ou impedimento de casamento. O status de “pendente de regularização” serve apenas como um alerta para que o contribuinte regularize sua situação.
A relação entre o cidadão e o Fisco deve ser pautada pela transparência, honestidade e cumprimento das obrigações legais. Ao mesmo tempo, é direito do contribuinte conhecer as regras, utilizar os benefícios previstos em lei e buscar a orientação necessária para navegar pelo complexo sistema tributário brasileiro.
Que este período de declaração do Imposto de Renda 2025 seja encarado não como um momento de estresse e ansiedade, mas como uma oportunidade de exercer a cidadania fiscal, organizar as finanças pessoais e contribuir para a construção de um país mais justo e desenvolvido.